Moraes é quem deveria estar sendo julgado

Nos últimos anos, o Brasil tem vivido uma das fases mais delicadas de sua história democrática. O que antes era visto como um sistema judiciário sólido, destinado a proteger a Constituição e garantir a segurança jurídica da nação, hoje se encontra mergulhado em uma crise de credibilidade sem precedentes. O centro desse furacão é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

As denúncias feitas pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro no Senado escancararam um cenário alarmante: segundo ele, operações autorizadas por Moraes teriam sido baseadas em documentos forjados e narrativas fabricadas, visando diretamente empresários e políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa revelação reacende um debate que já vinha ganhando força nas ruas e no Congresso: afinal, quem deveria estar no banco dos réus é Bolsonaro ou o próprio Moraes?

O julgamento que expõe a Justiça brasileira

O jornalista Cláudio Dantas sintetizou bem essa inversão de papéis ao afirmar que o julgamento de Jair Bolsonaro vai muito além da figura do ex-presidente. “Não é Bolsonaro quem está sendo julgado, mas a própria Justiça brasileira”, destacou. Essa análise coloca luz sobre a essência do problema: quando o guardião da Constituição passa a agir sem limites, o que está em risco não é apenas a carreira de um político, mas a própria estabilidade da República.

Segundo Dantas, o processo movido contra Bolsonaro é marcado por fragilidades gritantes: ausência de provas consistentes, erros jurídicos e uma condução política travestida de legalidade. Esses elementos, somados à omissão de parte da mídia e da comunidade jurídica, criam um ambiente propício para abusos de poder que passam a ser tratados como “normais”.

O depoimento explosivo de Eduardo Tagliaferro

A denúncia feita por Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, é talvez a peça mais grave desse quebra-cabeça. Em depoimento no Senado, ele afirmou ter presenciado fraudes processuais diretamente relacionadas a operações chanceladas por Moraes.